Por Letícia Marina
As usinas hidroelétricas conseguem produzir energia elétrica pelo aproveitamento do potencial hidráulico existente em um rio. O Brasil é considerado o terceiro maior país em potencial hidroelétrico, ficando atrás apenas do Canadá e Estados Unidos.
Esta produção é a mais utilizada no país e é considerada a mais barata. No entanto, a viabilidade do projeto deve ser analisada ambientalmente.
“A Empresa de Pesquisa Energética é responsável pela elaboração dos estudos ambientais em nosso país”, garante o perito ambiental do Ministério Público, Rogério César Silva.
O órgão citado é ligado ao Ministério de Minas e Energia, e tem como objetivo prestar serviços na área de estudos e pesquisas sobre o planejamento do setor energético brasileiro.
“A implantação de usinas hidroelétricas e de pequenas centrais hidroelétricas são iguais em termos de impactos ambientais”, diz o perito. Ele explica que os impactos gerados pela produção de usinas são maiores que os das pequenas centrais, até mesmo porque envolve a transferência de famílias. O processo pode envolver a inundação de cidades, o que pode ser muito traumático para as pessoas que habitavam o local.
Se a instalação não causar mudanças tão drásticas quanto às citadas acima, os efeitos podem ser observados de uma forma mais sutil. As hidroelétricas podem gerar os chamados “trechos de vazão”. Nestes locais, a passagem de água pode ficar muito reduzida em certos períodos do ano.
“Na estação de seca, pode ter um impacto forte. As pessoas podem ficar sem o uso das águas do rio e várias espécies de peixes podem ser prejudicadas”, diz Rogério César.
O perito do Ministério Público cita o exemplo da pequena central hidroelétrica Mosquitão, no rio Caiapó. Antes da implantação da empresa, foi registrada a existência de 127 espécies diferentes de peixes. Após a construção, o número caiu apenas para oito.
Os impactos sociais também são muito preocupantes. A usina hidroelétrica gera uma mudança na infraestrutura do local onde se instala. “Há uma série de impactos”, comenta o perito ambiental. Os recursos do Governo Federal destinados ao município são calculados em cima de dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e um crescimento rápido como o proporcionado pela implantação da Usina não é incluído de imediato. Isto gera muitos problemas ao local.
Rogério César Silva cita os problemas na educação, na saúde, a desordem social e o aumento da violência e do desemprego como as piores conseqüências deste novo “morador”. As usinas trazem mão de obra de outros locais, o que gera uma falta de alimentos e de produtos. E consequentemente, um superaquecimento deste mercado.
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