terça-feira, junho 01, 2010

Moda em Goiás

Indústria têxtil cresce em Goiás e garante título de quarto maior polo brasileiro do setor
Crescimento de aproximadamente 13% nas vendas do setor têxtil impulsiona comercialização e viabilizar criação de novos empregos no Estado.


O desenvolvimento têxtil do Centro-Oeste tem se mostrado significativo tanto para a economia nacional quanto para a internacional. Goiás é considerado hoje o quarto maior polo brasileiro do setor com aproximadamente cinco mil indústrias em todo o estado. Os principais produtos da cesta têxtil são os fios, tecidos e confeccionados de algodão.

O seguimento goiano é responsável pela criação de 31 mil empregos diretos e 60 mil indiretos. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (Caged), em março deste ano o setor ficou entre os recordistas na criação de novos cargos, perdendo apenas para a Indústria Metalúrgica e Indústria de Calçados.

De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), também em março, as vendas de produtos têxteis registraram crescimento. O aumento chegou ao índice de 12, 23% em relação à mesma época de 2009, o que estaria diretamente ligado à expansão do mercado interno, ao impulsionamento das exportações e aos incentivos fiscais do governo.

Produção

Em panorama geral, a produção brasileira apresenta estilos diversificados. A mescla cultural e a auto-suficiência em algodão proporcionam ao mercado nacional produtos exclusivos. Esse fator garante ao país o título de sexto maior parque industrial têxtil do mundo, com produção anual de 7,2 bilhões peças de vestuário.

Nessa área, Goiás se destaca pela fibra de algodão. Segundo dados da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa), o Estado representa 21% da produção total de fibras. Em escala regional, o Centro-Oeste é responsável por aproximadamente 70% da fabricação interna.

No entanto, o produto têxtil mais usado no Estado é a viscolycra. “Além de ser um pano leve, ele pode ser usado na fabricação de várias peças, como vestidos, blusas e calças. O caimento também é sempre muito bom quando se trata de uma viscolycra de boa qualidade”, afirma a designer Mariza Rodrigues.

A designer também defendeu o uso da viscolycra como material mais acessível para a maior parte das pessoas. “Com esse tipo de pano, é possível criar uma linha de moda mais urbana. Os produtos ganham detalhes bem comerciais e os preços são mais populares”.

De acordo com a autônoma Bruna Valentim, além da viscolycra, outros panos como viscose, cambraia e tricoline também estão em alta no estado de Goiás. “O tricoline tem saído bastante, principalmente para jovens. Ele é um tecido que apresenta as vantagens de ser barato e elegante ao mesmo tempo”, conclui.

Para Bruna, que trabalha no mercado informal, o segmento têxtil tem expandido de forma rápida. Segundo ela, os reflexos da crise financeira mundial são chegaram diretamente às feiras. Houve apenas uma intensificação do período de poucas vendas, compreendido entre os meses de janeiro e abril. “Eu espero que essa fase de desenvolvimento dure e a partir de maio as vendas retornem ao normal”, diz a feirante.

As faces do mercado

Uma característica que parece encantar os que atuam nessa vertente é a autonomia profissional. As pessoas acabam adquirindo certa mobilidade social, pois passam de empregados a empregadores. “O que mais me chamou atenção e me motivou a entrar pra esse mercado foi a possibilidade de trabalhar pra mim mesma”, confirma a feirante Giselly Silva.

Apesar de toda onda de crescimento, se manter no mercado têxtil apresenta certas dificuldades. “Eu tento trabalhar numa linha comercial, mas esse é um mercado ainda recente em Goiás. Poucas pessoas valorizam o trabalho. A maioria acha caro o produto final e esquece o lado artesanal da produção”, comenta a designer Mariza Rodrigues.

Outro aspecto difícil pontuado por pessoas que vivem desse mercado é a concorrência. A disputa deixou de acontecer entre lojistas do mesmo setor e passou a uma esfera mais ampla. A concorrência entre mercados formal e informal tem se mostrado intensa. Estudos sobre o assunto ainda são incipientes, mas é possível que as vendas informais prejudiquem o fluxo de compras em shoppings.

No entanto, há quem trate o assunto como uma questão de tato e abordagem correta. “Eu não tenho dificuldades de me manter no setor porque estou sempre em busca de novidades para apresentar para meus clientes. É assim que se ganha da concorrência, pela criatividade” comenta Giselly Silva.

Divulgação do setor

A despeito de toda discussão, encontros estão sendo organizados a fim de popularizar os números alcançados pelo setor e promover novas oportunidades de negociações. O próximo evento a se realizar em Goiânia, a 2ª edição do Goiás Mostra Moda, tem apoio de secretarias do Estado e entidades como Sebrae, Senac, entre outras.

A Mostra está sendo organizada pelo Sindicato das Indústrias do Vestuário de Goiás (Sinvest-GO) e pretende reunir grandes marcas fabricadas no Estado. Este ano a programação conta com oficinas e palestras voltadas para o segmento produtor de moda. O evento está programado para o Centro de Cultura e Eventos da Universidade Federal de Goiás, de 22 a 25 de junho.

Por Letícia Marina e Thamyris Fernandes

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